Marcha do Grito é barrada durante desfile em Belém



Grito da Amazônia só entrou na avenida após o término da parada militar Pelo menos meia hora após o fim da parada militar de 7 de Setembro, os cerca de 300 manifestantes do Grito da Amazônia conseguiram, finalmente, ter acesso à avenida Presidente Vargas, em Belém, onde aconteceu o desfile.

As tentativas dos representantes de movimentos sociais e sindicalistas de se aproximar da avenida ainda durante a apresentação foram frustradas pela Tropa de Choque da Polícia Militar (PM), mas, segundo Dion Monteiro, do Comitê Xingu Vivo, a proposta do movimento não foi prejudicada. "Essa sempre foi a estratégia utilizada pela PM. Só liberar a passagem depois que o desfile termina e as autoridades já foram embora. Nossa intenção aqui era falar com a população, aproveitar a concentração de pessoas para dar nosso recado", afirmou.

Segundo Monteiro, a concentração na Escadinha da Estação das Docas, mesmo com o desfile militar fazendo o trajeto avenida Nazaré/Boulevard Castilhos França não foi um erro de estratégia, apesar de ter retardado a manifestação. "Nossa intenção era fazer a concentração na Escadinha independente da ordem do desfile militar. Nosso grito é em defesa do rio e da floresta, então nada melhor do que começar o ato às margens de um rio", explicou.

Como em anos anteriores os militares subiam a avenida Presidente Vargas durante o desfile, a marcha do "Grito dos Excluídos" se concentrava na Escadinha para fazer o mesmo percurso logo após o último pelotão. Dessa vez os manifestantes subiram pela Assis de Vasconcelos, onde até então o trânsito fluía normalmente. A intenção era marchar até a rua Oswaldo Cruz, ao lado da Praça da República, e chegar até a Presidente Vargas.

A Tropa de Choque da PM, no entanto, impediu a passagem dos manifestantes. Um pelotão do Comando de Operações Especiais (COE) também foi acionado para apoiar a contenção. "O acesso será liberado assim que acabar o desfile, como acontece todos os anos", informou o major Leão Braga, do Choque, o primeiro a negociar com os manifestantes. As lideranças do movimento, no entanto, decidiram seguir até o cruzamento entre as avenidas Assis de Vasconcelos e Nazaré e, por ali, chegar até a Presidente Vargas, mas foram novamente interpelados pela Tropa de Choque, que acompanhou a manifestação lado a lado.

Apesar dos gritos de guerra e dos pedidos para que a passagem fosse liberada, não houve confronto entre PMs e manifestantes. "Vamos continuar pressionando para que eles liberem nossa passagem, mas de forma pacífica", informou Rosilene Portela, do Comitê Xingu Vivo.


Protestos contra usina de Belo Monte e governo do Estado 


Além dos pedidos pela paralisação das obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, encabeçadas pelo Comitê Xingu Vivo e pelo Fórum da Amazônia Oriental (FAOR), funcionários públicos federais e aprovados em concursos públicos do Estado e da Prefeitura Municipal de Belém se juntaram ao movimento para fazer reivindicações. A Associação dos Concursados do Pará pretendia pressionar o governador Simão Jatene, que acompanhava o desfile no palanque de autoridades, pela convocação dos aprovados em concursos públicos da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e várias outras secretarias.

 O governador, no entanto, deixou o palanque bem antes dos concursados conseguirem se aproximar com faixas e cartazes. Lideranças do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino Superior, em greve há mais de 90 dias, e do Movimento Unificado dos Pedevistas, que pedem a revisão dos programas de demissão voluntária do Governo Federal, também fizeram reivindicações e manifestaram apoio à greve dos trabalhadores da Construção Civil em Belém.

 A marcha Grito da Amazônia, segundo Monteiro, foi criada para englobar movimentos que deixaram a Marcha dos Excluídos, liderada pela Igreja Católica. Segundo ele, a Igreja teria informado que "não deve mais se envolver em questões políticas". "Somos os excluídos dos excluídos", afirmou. Na Presidente Vargas, os manifestantes andaram até o palanque que havia sido ocupado pelas autoridades e encerraram a caminhada com uma representação do rio Xingu agonizando com as obras de Belo Monte. "Não é só o rio e a floresta, a população mais pobre de Altamira também está sofrendo com a construção da usina. Quem antes pagava R$ 300 de aluguel, hoje está sendo obrigado a pagar R$ 2 mil ou ficar desabrigado. A prostituição está aumentando e a situação nos hospitais é de calamidade, já que não têm capacidade para atender à demanda que está migrando para o município", denunciou Rosilene.

 Enviada por: Ilma Teixeira - ilmazen@gmail.com

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