Encontro da AVLAB discute Infância latinoamericana e novas práticas de arte, comunicação e tecnologia
Por Clevane Pessoa*
Foi convidada para curadora Vanessa Fort , em colaboração com o ComKids e o Festival Prix Jeunesse. Dois projetos-uma de TV infantil e outro de artes para crianças, foram o focal desse importante evento. Temos de pensar, repensar e encontrar soluções sustentáveis para responder ás questões básicas e que tanto nos preocupam:
-A partir deste presente lhes oferecido, qual será o futuro das crianças latino-americanas?
-Como promover um perfeito desenvolvimento dos potenciais de uma criança?
-Como evitar todas as formas de violência contra a criança, que vão desde o trabalho infantil, escravização do menor, até as cometidas contra seu corpo e sua mente- quais os incestos e as explorações sexuais?
-Como conscientizar os adultos da necessidade de meios que elevem a autoestima e promovam a segurança desses seres em formação?
E, entre tantos questionamentos, a pergunta que tem tudo a ver com esse décimo encontro: de que forma as artes podrão ser eficientemente utilizadas em temas paralelos, vieses de necessidades básicas-até mesmo as de sobrevivência?
-Como evitar todas as formas de violência contra a criança, que vão desde o trabalho infantil, escravização do menor, até as cometidas contra seu corpo e sua mente- quais os incestos e as explorações sexuais?
-Como conscientizar os adultos da necessidade de meios que elevem a autoestima e promovam a segurança desses seres em formação?
E, entre tantos questionamentos, a pergunta que tem tudo a ver com esse décimo encontro: de que forma as artes podrão ser eficientemente utilizadas em temas paralelos, vieses de necessidades básicas-até mesmo as de sobrevivência?
Como psicóloga com larga experiência nas ações a favor dos menores, posso lhes afiançar que é possível e eficaz utilizar a ARTE- em sentido lato, associada a práticas de prevenção, que ajudam a evitar a gravidez precoce, a drogadição, as DST/AIDS.
Nosso grupo profissional no Hospital Juscelino Kubitschek em Belo Horizonte, durante sete anos , cuidou de forma multiprofissional, de crianças do bairro. E, por incrível que pareça, nesse período, nehum adolescente dos que atendíamos, nem gestou, nem engravidou ninguém (curiosamente uma das voluntárias ,adulto jovem, sim-mas mesmo essa gestação foi usada por ela própria para o processo educativo.
Nosso grupo profissional no Hospital Juscelino Kubitschek em Belo Horizonte, durante sete anos , cuidou de forma multiprofissional, de crianças do bairro. E, por incrível que pareça, nesse período, nehum adolescente dos que atendíamos, nem gestou, nem engravidou ninguém (curiosamente uma das voluntárias ,adulto jovem, sim-mas mesmo essa gestação foi usada por ela própria para o processo educativo.
Nossos jovens não usaram drogas nem contraíram nehuma doença sexualmente transmissível. Não éramos mais um adulto a dar conselhinhos ou impor medos não condizentes com a explosão de hormônios e vida nova da adolescência em si. À psicotepaia, associamos vários projetos: artes e artesanato, dança (Jazz e dança afro), teatro, por exemplo.Mas tudo interatico, com discussões, expressões artísticas, biodança, técnicas várias de grupo e individuais.
O resgate da prudência foi maior que regrinhas de bom comportamento. O amor próprio , o grande mote. Anos depois de aposentada, recebi uma placa no Dia da Mulehr, na Assembléia legislativa, indicada pela entao Deputada Elaine Matozinhos, que fora Delegada da Mulher e nos ajudara com palestras e ações mais dr[asticas, como tirar de casa um padrasto que engravidara uma criança de treze anos-não era uma "mocinha", pois sequer entrara ainda na puberdade, não passara pelo processo menstrual nem nada, ameaçada e usada sexualmente durante anos, até que o primeiro óvulo foi fertilizado e ela foi mãe de um garoto robusto, por cesariana. Muitas meninas , vinham grávidas, drogadas ou doentes. Os meninos acompanhados, não, Donde os programas edicativos costumarem não dar certo: limitam-se a palestras-na cabeça dos jovens, mais uma aula de Ciências- que rapidamente se dissipa com a ausência de cuidados.
Nos programas, os jovens fazem parte de um processo, gostam disso e são multiplicadores. Palestrei, fui oficineira em várias cidades e sempre acentuei que esse processo libertador e educativo deve ser contínuo. Mas voltando à placa que recebi:subitamente, olhei para cima e lá estava, rapazes do programa, que ali foram para abraçar-me.esse, o verdadeiro prêmio, quando Joãozinho entregou-me um certificado lindamente hachureado - eu o ensinara a desenhar e incentivara a carreira artística- feito por ele mesmo, em papel A4, e disse em alto e bom tom:
_"Nenhum de nós que passou por você, Clevane, deu para nada ruim".
Sei que uma é professora de coral, alguns são desenhistas, muitos dançam jazz e dança afro, outro é enfermeiro, mas diz que um dia será médico e por aí vai. Comovida, valorizei e guardei esse certificado manual, tão representativo de um trabalho.
Os poetas são muitos, brotados em oficinas de Poesia, sempre presente na alma humana, basta deixar fluir livremente pela motivação e/ou ensino de alguma técnicas. Enfrentei velhos conceitos de que hospitais são para doentes, transformamos uma casa de moradia nos terrenos do hospital em casa da criança e do Adolescente, com ajuda de voluntariado. A casa era chão e teto e tinha tudo que fosse necessários aos meninos e meninas. E a alegria derramou-se qual um luar sobre aquela juventude salva apenas pela atenção especial que recebiam todos os dias.Reforço escolar, farmácia Verde e Horta, artes, ao lado do atendimento clínico e da psicoterapia, ludoterapia , serviço social, lanche, dança, enfim , associávamos tudo que voluntários nos oferecíamos ao nosso entendimento do ECA e da psicologia do adolescente. E deu certo! No entanto, depois de aposentada, soube que o projeto diluiu-se e que o atendimento tornou-se apenas clínico. E a horta permanecera porque uma senhora da comunidade continuou a ajudar. O professor de tecnicas agrícolas que me ajudava, conheci-o quando queriam fazer uma mega horta comunitária nos terrenos do hospital.Entraves burocráticos atrasavam o processo há longo tempo.
Quando assumi o programa para desenvolver meu projeto iniciado em S.Luiz, interdisciplinarmente, continuado em Belém, Pará, convidei o professor Lafayete Anastácio para transformar o solo duro do quintal da Casa da criança e do Adolescente em uma horta, enquanto eu estudava fitoterapia popular com os adolescentes, que anotavam receitas de sua comunidade enquanto eu lhes fornecia os nomes científicos e as dosagens ideias das plantas, sementes, cascas. Era a Farmácia verde. Esses jovens empoderaram-se.Tornaram-se de tal forma seguros, que quando o MS, através do programa de Saúde do Adolescente SASAD nos encomendou um I Seminário de Reprodução e Sexualidade na Adolescência, apresentaram-se e mostraram sua arte, dialogaram com aqueles profissionais altamente qualificados, impressionado-os com seus saberes. A ponto de um médico perguntar-me: mas de onde vêm esses jovens? Eram os meninos da comunidade, não de rua, mas da rua , ficavam á toa enquanto pais e mães trabalhavam e haviam encontrado um lugar de estar para ser, onde faziam, orgulhosamente, parte do processo.Também no Congresso Internacional, L'Espois Sen Frontiers, organizado pela advogada humanista Dra. Silvia , de Belo Horizonte, nossos jovens, com camisetas pretas iguais, doadas, calças jeans, liderados pelo jovem psicólogo José Rubens, apresentaram um espetáculo gestual e dançaram jazz, entusiasmaram os presentes.
O Diretor do Hospital, um competente pneumologista que ainda não entendera que "Saúde " não é doença e que muitas vezes discutira porque eu trazia gente jovem e saudável para o hospital, mas que depois liberara todos os recursos de ajuda humana que pedi e abrira espaço par shows, exposições, palestras, teatro, etc, sentado na Associação Médica, entre o pediatra Paulo César Pinho Ribeiro ,que cuidava clinicamente dos meninos e eu, que era sua cuidadora oficial diária e oficial, mostrou-se comovido e interessado. E aqueles garotos tinham agora uma rica e saudável vida social: ali estavam, entre africam=nos, suíços, estrangeiros e brasileiros, a mostrar-se e a conhecer os trabalhos trazidos de outros adoelscentes , de raças e costumes diferentes, mas com as mesmas fases e desenvolvimento pubertários.Todos ligados pelos cuidados contínuos e pelas artes. Claro, o Dr.Paulo César e eu fomos chamados inúmeras vezes para dar palestras e realizar oficinas em vários lugares,escolas, cidades de interior, mesmo na Assembléia e na FHEMIG, para a ASPROM (Associação Profissionalizante de Menores) , em Belo Horizonte.
Motivávamos da melhor forma que podíamos, porém jamais esse trabalho poderia equiparar-se a estar diariamente com eles, numa espécie de família substituta paralela. Adolescentes estão na idade da contestação, verdades impostas não os tocam.temos de obter um crédito de confiança e isso apenas acontece por cuidados,a tenção integral e constante, amor incondicional.
Essa longa preleção é para louvar esse 12° Encontro AVLAB - Infância latinoamericana: temos uma grande procupação com o desenvolvimento integral, produtivo , da capacidade de nossas crianças e jovens.Acreditamos no poder da arte e no amor incondicional , tão bem explanado pela Doutora Edith Stoffer, de Ohai-Califórnia que teve a delicadeza e a generosidade de nos repassar sua aulas, individualmente, em casa do Dr.Paulo César, pois , em franco trabalho no Hospital Júlia Kubischeck, nãompudemos frequentar o curso que ela dava na capital mineira.Todo o rico material usado, ela desenrolado à nossa frente, enquanto ela nos olhava nos olhos e , frágil/forte, nos ministrava seus saberes.
Esperemos que programas de desenvolvimento artístico apreendam essa visão totalitária da educação, que deve ser interdisciplinar e sobretudo, necessita dessa amorosidade genuína, que convence os jovens de que estão num mundo onde não foram abandonados.
*Clevane Pessoa de Araújo Lopes Representante do Movimento Cultural aBrace (Brasil /Uruguai) ;Membro do Instituto Imersão Latina_IMEL;Acadêmica da Academia PréAndina de Artes, Cultura y Heráldica (Itapira/SP)
Imagens:
Assista aos vídeos de cobertura do Encontro em: http://vimeo.com/ccesp/videos
Olá caros,
Já estão publicados os vídeos registros do: 12° Encontro AVLAB - Infância latinoamericana: Novas práticas de arte, comunicação e tecnologia. Realizado no CCE Sao Paulo. (12 de junho no CCE São Paulo) - Curadora convidada: Vanessa Fort (Em colaboração com o ComKids e o Festival Prix Jeunesse Iberoamericano)
Participantes:
- Teresa Loayza Sánchez
(Coordenadora do Projeto de Televisão Infantil do Ministério da Cultura da Colômbia) : Televisão Infantil Cultural
- Odilon Cavalcanti (Artista Plástico, criador e gestor de projetos de arte para crianças e adolescentes): Projeto Ecofotografias
Aproveito para divulgar o video realizado por Mateus Knelsen e Lina Lopes sobre o Encontro AVLAB com crianças de 8 a 11 anos:
6° Encontro AVLAB Córdoba: Brincar como principio criativo. (12 de julho no CCE Córdoba)
http://medul.la/blog/?p=166&lang=es
A próxima atividade do cicle em Sao Paulo será no dia 13 de setembro.
13° Encontro AVLAB São Paulo - Hack-lan-house: para além da conexão
- Curador convidado: Giuliano Obici
Muito obrigado pela atenção.
http://medul.la/blog/?p=166&lang=es
A próxima atividade do cicle em Sao Paulo será no dia 13 de setembro.
13° Encontro AVLAB São Paulo - Hack-lan-house: para além da conexão
- Curador convidado: Giuliano Obici
Muito obrigado pela atenção.
Abraços,
Daniel Gonzalez Xavier
Daniel Gonzalez Xavier
indiempire@yahoo.com.br
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