Projeto Biizu propaga comunicação alternativa

Por Manuela Viana


"Não quero apenas aprender a cultura dos brancos, quero também mostrar aos brancos a nossa cultura indígena. Por isso estou hoje aqui, para aprender a manusear a máquina e fazer fotos das nossas danças, artesanatos, natureza e mostrar nossa vida na aldeia", disse Kakti-re Kaiapó, integrante de uma turma que aprende técnicas de fotografia, durante a "Semana dos Povos Indígenas", programação alusiva ao dia do Índio, realizada nos dias 17, 18 e 19 de abril, em São Félix do Xingu, no sudeste do Estado.

Kakti-re é um dos 100 alunos que participam das oficinas de web, áudio-visual, rádio, desenho e fotografia, oferecidas pela Secretaria de Estado de Comunicação (Secom). Denominado de Oficinas de Mídia Popular "Biizu", o projeto foi idealizado com o objetivo de inserir pessoas no universo da comunicação, através de capacitação e qualificação ao acesso de ferramentas e veículos alternativos de comunicação.

"Esses cursos eliminam obstáculos de comunicação e barreiras territoriais. Ensinamos técnicas de utilização de equipamentos e meios de comunicação simples, mas que podem oportunizar grandes feitos para pessoas e suas comunidades", explica Ronaldo Franco, um dos coordenadores do projeto de Oficinas de Comunicação Popular.

Já a professora Luciene Barros, integrante da oficina de rádio, que também nunca teve qualquer tipo de contato com o veículo de comunicação, resolveu aprender técnicas de rádio para repassar a seus alunos o conhecimento adquirido. "Estamos com um projeto de montar uma rádio dentro da escola, que atenderá tanto os alunos como a comunidade aqui de São Félix, assim, o conhecimento que estou adquirindo aqui na oficina será muito válido para a construção desta rádio", disse Luciene.

"É assim que nasce a comunicação alternativa, às margens da grande mídia", ressalta Felipe Braum, outro coordenador do projeto. Ele explica que as oficinas são levadas a lugares onde o acesso a esses meios é mais difícil, justamente para dar oportunidade às pessoas que residem em locais distantes da capital a serem transmissoras de conteúdo. Mas as oficinas também são realizadas em escolas públicas de Belém.

Aprimoramento

Além de capacitar, o programa também qualifica pessoas que já trabalham com alguma dessas ferramentas, mas de forma empírica. É o caso de José Ribamar, que há sete anos trabalha com a rádio comunitária Você FM, em São Félix do Xingu. "Estou aqui buscando aprimorar meus conhecimentos. Apesar de já trabalhar com a rádio, aqui na oficina já aprendi várias técnicas que sem dúvida vão melhorar o trabalho que desenvolvemos". José Ribamar participa da oficina de rádio junto com sua equipe de trabalho da rádio comunitária.

Em São Félix do Xingu as oficinas estão sendo realizadas na Escola "Teoria do Saber". Foram disponibilizadas vagas para a comunidade local e para as tribos indígenas. Ao final do evento, as turmas farão uma grande exposição com o resultado dos trabalhos produzidos durante as oficinas.

A "Semana dos Povos Indígenas" recebe a terceira oficina do projeto Biizu. Até o final do ano estão programadas 20 oficinas, em dez municípios paraenses. Os interessados em participar devem ficar atentos aos locais de realização do projeto, através do site www.biizu.com.br.


Enviado por: Ilma Teixeira

Comentários

Postagens mais visitadas