Especial: O Carnaval Carioca - Parte IV


Por Fernando Moura Peixoto 
(ABI 0952-C)



CARNAVAL CARIOCA, ATRAÇÃO INTERNACIONAL

“Eu conheci o samba de pé descalço, hoje o samba está de smoking.” ISMAEL SILVA (1905 – 1978)

Na década de 1960 houve o declínio do rádio e a ascensão da televisão. Circulavam muito por toda a cidade os denominados ‘blocos de embalo’, sendo os principais os rivais ‘Bafo da Onça’ e ‘Cacique de Ramos’. Os componentes desses blocos marcavam o ritmo batendo dois tamancos com as mãos.
Em 1963, já instituídas pelos órgãos de turismo as entradas pagas, há o crescimento e o retorno dos desfiles à Av. Presidente Vargas. Em 1965 - já em pleno regime militar de exceção -, o governador Carlos Lacerda (1914 – 1977) financiou amplamente as escolas de samba a fim de que se exibissem rica e luxuosamente – as fantasias eram obrigatórias pelo regulamento, desde 1952 – durante o carnaval do quarto centenário de fundação da Cidade.

Nos anos seguintes, as Escolas foram se tornando o centro das atenções do carnaval do Rio de Janeiro. Cobravam-se ingressos para que os certames pudessem ser apreciados por um público em expansão: milhares de populares e turistas, acomodados em improvisadas arquibancadas, desmontáveis. As transmissões feitas pelas emissoras de televisão contribuíram para uma afluência de segmentos dos setores artísticos, culturais e da sociedade aos desfiles.

A partir de 1965, com a pioneira ‘Banda de Ipanema’, desenvolveram-se nos bairros e nas ruas grande número de bandas carnavalescas que esquentavam mais ainda as folias de Momo. Em 1967, a classe média engrossa a frequência dos ensaios das escolas de samba. E o samba-enredo ‘O Mundo Encantado de Monteiro Lobato’, da futura campeã Mangueira, fez inusitado sucesso nos salões dos bailes de carnaval.
Ao final do ano de 1967 era gravado um disco de vinil em LP com os sambas-enredos do Carnaval de 1968, antecipando assim ao povo, pela primeira vez, letra e música das escolas de samba. Em 1969/1970, a Portela traz os seus ensaios para a sede náutica do clube Botafogo, no Mourisco, na zona sul carioca.

Nos anos 1970, comercializam-se e agigantam-se as Escolas. O samba e os sambistas são ofuscados pelo brilho das fantasias e da beleza dos carros alegóricos. Para evitar os constantes atrasos nos desfiles, limitou-se o tempo de exibição de cada escola na pista.
Em 1974 e 1975, a apresentação dos sambistas foi deslocada para a Avenida Presidente Antônio Carlos. E, em 1978, para a Rua Marquês de Sapucaí. É interessante ressaltar que já havia um plano elaborado, desde 1974, na Associação das Escolas de Samba, AESEG, manifestando a necessidade imperiosa de se fixar os desfiles em um lugar apropriado e permanente, exatamente naquele logradouro.

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