Os rumos da crise na América Latina serão discutidos durante as Jornadas Bolivarianas em abril na Universidade de Santa Catarina
Após quase duas décadas de mudanças, o cenário parece inclinar-se novamente na direção oposta: há evidentes sinais de esgotamento do “consenso nacional popular” que vingou até pouco tempo e o pêndulo latino-americano agora, inclina-se, novamente, na direção conservadora. Este movimento conta também com importante apoio da população, razão pela qual os processos eleitorais que até bem pouco tempo apenas confirmavam a posição soberana da “esquerda”, expressam a emergência de governos conservadores mais ou menos afinados com o antigo ideário neoliberal. Em resumo, o continente vive um novo momento no qual o antigo “consenso nacional-popular” é incapaz de representar os interesses das maiorias e pouco eficaz para conter os interesses dominantes que sempre comandaram os estados nacionais. Assim, consideramos que vivemos um novo período da vida política, social e cultural no continente que ainda não assumiu perfil definido, mas, certamente, cobrará melhor definição nos próximos anos.
O estado-nacional está uma vez mais em disputa sob nova condições.
O esforço teórico para identificar e, sobretudo, prever os desdobramentos da evolução recente do estado e da economia na América Latina, captar as principais contradições e antagonismos da conjuntura, elucidar o dinamismo da crise com suas possibilidades e limites, exigirá das ciências sociais notável protagonismo. Portanto, o evento que organizamos assume completa relevância no momento em que distintas organizações sociais (empresariais, sindicais, partidárias e sociais) revelam escassa capacidade de análise, fato que abre novas exigências sobre a universidade e autorizam ambição intelectual aos acadêmicos.
Nossa pretensão nessas jornadas de abril é dupla. De um lado, a elaboração de diagnóstico sobre a dinâmica geral da crise e seus possíveis desdobramentos em termos econômicos, políticos e sociais; de outro, a elaboração de reflexão sistemática para as organizações sociais (movimentos, partidos políticos, sindicatos, parlamentares, etc.,) a partir de uma tradição que acumulamos na última década de existência do IELA-UFSC, a saber, o pensamento crítico latino-americano.
Assim, por conta desse quadro é que identificamos a necessidade de refletir o novo momento vivido pelo continente, para compreender quais são os caminhos que se configuram para os governos e os povos da América Latina e Caribe. A XII edição das Jornadas Bolivarianas contará com a presença de intelectuais de grande prestígio nas ciências sociais da região e com projeção mundial. Já estão confirmados Heinz Dieterich (Universidad Autónoma Metroplitana - México), Mabel Thwaites Rey (Instituto de Estudos da América Latina e Caribe da UBA - Argentina), John Mário (Universidad Nacional de Colómbia), Jorge Almeida (UFBA) do Brasil e Cláudio Katz (Universidade de Buenos Aires – Argentina). Também virão intelectuais do Equador, Cuba, Bolívia e Venezuela.
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