O tempo, a mulher e a poesia

O Tempo, A Mulher e A Poesia: a sensibilidade poética de Júlio César Teixeira

Por Rogério Salgado

É com a percepção de que poesia é, também, misto de técnica e emoção, que Júlio César Teixeira, poeta de intensa sensibilidade, traz a público o seu segundo livro de poemas O Tempo, A Mulher e A Poesia). (...)

Leia abaixo a crítica publicada no http://www.suitedasletras.uniblog.com.br/



A capa do livro parece querer ressaltar as, possíveis e talvez impossíveis, características voláteis entre o tempo a mulher e a poesia. Mas não se engane leitor! pois o conteúdo da obra expressa e enfatiza nuances de uma sublimação vivencial, as quais conduzirão o leitor a uma densidade poética que possibilita muitos significados; a serem observados, sentidos, apreciados, identificados, compreendidos, compartilhados, interpretados, agraciados, amados, interrogados, analisados, vividos... nesta interessante e madura construção poética emocional que é O tempo, A Mulher e A Poesia.

Na primeira parte do livro, o autor fala do tempo, numa estratégia para voltar ao passado, pois o poeta sabe que: “(...)nem sempre é possívelcorrer atrás dos balões que voamemendar serpentinas atiradasjuntar confetes espalhadosmas sempre é possívelfazer a festa do coraçãosem adornossem adereçossó com apreço”

Na segunda parte o autor busca exaltar a musa, motivo de tanta inspiração. Sofre, vive poeticamente e diz: “Em um pedaço de papel eu escreviuma história tão bonita de vivertinha os olhos e o coração em tiflor tão linda que todos queriam serfiz poemas, dediquei-te lindos versose cantigas que cantava só para tie roubava dos teus lábios um sorrisoque outro igual neste universo nunca vi(...)Mas foi-se o sonho, o papel, foi-se o amorpara o labirinto o Minotauro te levounão fui rei, não fui herói, não fui Teseue não sinto que o mundo seja meu”

Na terceira e última parte o autor vivencia a poesia em toda sua plenitude. Interroga a vida em busca de respostas, mesmo sabendo que se as obtivessem, talvez, seriam inaceitáveis: “(...)Quando foi que eu parti?Não sei...Foram tantas as mortesque já não reconheço as partidas”. E convive com a dualidade dos sentimentos, como poucos saberiam sem a sensibilidade da poesia: “Às vezesparopensoe fico puto com este amoroutras vezesdivagoe consigo rir da sua ausência” E ironiza seu próprio sentimento: “Fiz a promessa de ser felizvou começar na segunda”. Mas como todo poeta tem dentro de si algo de guerreiro, segue a sina de sua condição de ser poeta, sem medos: “(...)Já me perguntaramse já sofri nesta vidarespondi que simmas sigo adiante”
O Tempo, A Mulher e A Poesia teve projeto gráfico desenvolvido por Thabata Portugal e nos remete à reflexão sobre temas comuns, mas de grande importância para o autor, como ele mesmo afirma: “Neste livro pude usar da tinta e do papel para falar de três substantivos tão marcantes em minha vida...”

Essa é a segunda incursão do autor no mundo da poesia, a primeira foi com o livro Influências (Anome Livros), lançado em 2003. “Escrever o primeiro livro foi a realização de um sonho, algo despretensioso... Agora, com o segundo, a responsabilidade é bem maior, pois já não é só por sonho, mas por esse desejo que eu sinto que não descansará jamais”, afirma Júlio.
Júlio César Teixeira nasceu em São João Del Rei/MG, e reside em Belo Horizonte desde os 13 anos. Trabalhou na extinta Minascaixa e hoje é funcionário da Caixa Econômica Federal. É graduado em Recursos Humanos, com especialização em Marketing.

Segundo o poeta, o gosto pela poesia não teve um momento inicial exato. Não se lembra bem quando foi, mas os primeiros versos surgiram por volta dos 17 anos. Quanto às influências, não se conforma com o convencional. A maior parte delas vem da música e de autores como Ednardo, Caetano Veloso, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Chico Buarque, Adriana Calcanhoto e, atualmente, Vander Lee. Mas admira muito a obra de Cecilia Meireles e Martha Medeiros. Sua fonte de inspiração são fatos reais, experiências próprias e dos outros e também várias “mentiras” e “meias verdades” criadas a partir do imaginário e de visões distorcidas das pessoas, fatos e situações. Procura retratar o que vê, pensa e sonha, mesmo que as visões, pensamentos e sonhos não sejam seus. Sente uma extrema necessidade de externar sentimentos, emoções e experiências relacionados a tudo que faz parte de sua vida. Tenta responder às múltiplas inquietações do cotidiano humano.

O Tempo, A Mulher e A Poesia é um livro que com certeza, agradará a quem busca uma poesia de extrema sensibilidade, que fala com se estivesse espiando o leitor.

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