PAIXÃO

Nunca consegui dimensionar o sofrimento do homem Jesus Cristo. Pessoas de minha geração leram e lêem a bíblia. Muitos, praticam os ensinamentos. Acho que me faltava a fé. fé no imponderável. A fé no onisciente. A fé que do amor faz bastar as dúvidas e tornar a paixão incomensurável.
Como é que, eu, pés de barro, poderia entender esse amor, essa entrega, esse sacrifício, essa doação? Num louco momento, ouso, ( todo poeta ousa sonhar e imaginar coisas impossíveis e vãs ), pois é, ouso comparar nossas vidas com a vida de Jesus. Ouso confrontar nossos sofrimentos com os Seus. A nossa morte diária com a Sua.
Coloco-me frente a vida, olho-me no espelho de minha consciência, avalio minhas cicatrizes, as cicatrizes que a vida nos deixa... Por que Ele morreu por mim? Eu seria capaz de morrer por alguém? Como entender esse amor? Como aceitar essa doação?

É Jesus quem morre todo momento na situação endêmica em que vivemos ? É Jesus quem morre com o fracasso do ser humano... com o fracasso do amor?! Ou somos nós a morrermos na solidão do dia a dia e na falta da compaixão por nós? Ou nem sabemos amar? Só pode entender o amor da Paixão quem saiba amar, quem olhar o semelhante como a si mesmo. Há tanto a
aprender. Há tanto a perdoar. Há tanto a amar e a viver o sonho da vida.

*Embaixadora do Brasil e Sub-Secretária Geral de Poetas del Mundo (Para América) - www.poetasdelmundo.com
Na foto: Delasnieve Daspet, Nina Flores do Movimento ABRace e Brenda Mars do Imersão Latina, poetas na I Bienal Internacional de Poesia em Brasília - setembro de 2009.
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