Brasil CineMundi discute coprodução entre produtores de países com representantes de onze países
Crianças assistem o filme O Segredo dos Diamantes, de Helvécio Raton |
BRASIL CINEMUNDI – ENCONTRO DE COPRODUÇÃO
O cinema aproxima povos e continentes. A Mostra CineBH colocou a capital mineira no centro do diálogo entre o cinema brasileiro e o mercado internacional, ao promover, a 6ª edição do Brasil CineMundi – Encontro Internacional de Coprodução, que recebeu mais de122 profissionais brasileiros, 21 representantes da indústria audiovisual mundial de 11 países - Alemanha, Argentina, Chile, Colômbia, França, Noruega, Estados Unidos, Suíça, Uruguai, Espanha e Brasil, que desembarcaram na capital mineira para participar das diversas atividades promovidas pelo evento e conhecer novos projetos de longa brasileiro em fase de desenvolvimento e pré-produção.
Os 15 projetos de longas brasileiros selecionados participaram das rodadas de negócios nas categorias cinemundi e Doc Brasil Meeting para plateia de produtores, representantes de fundos, agentes de vendas e profissionais que querem coproduzir com o Brasil e concorreram ao Prêmio Brasil Cinemundi e vagas para participar de eventos de mercado internacional – o Torino Film Lab (Itália),Ventana Sur (Argentina) e Cinelatino, em Toulouse, na França.
Ao todo, foram promovidos 144 encontros de coprodução. Os projetos foram avaliados por um júri formado por Diana Bustamante, produtorao (Colômbia), Rémi Bonhomme, programador da Semana da Crítica em Cannes (França), e Felipe Bragança, roteirista e cineasta (Brasil). “Estes encontros buscam sempre promover o fortalecimento de uma rede de contatos entre os profissionais presentes, com possíveis frutos em um futuro próximo”, diz Paulo de Carvalho, colaborador do Brasil CineMundi.
O vencedor foi o projeto “Saudade”, da produtora mineira Coisa de Cinema, direção de Marcos Pimentel e produção de Luana Melgaço e Leo Ayres. O projeto ganhou o Troféu Horizonte, mais de 60 mil reais em materiais e serviços cinematográficos de empresas parceiras, uma vaga para a produtora Luana Melgaço participar do Ventana Sur, em dezembro, na Argentina e uma vaga para participar do Torino Film Lab, evento que acontece na Itália em novembro, voltado ao incentivo e orientação para desenvolvimento de coproduções internacionais.
Outros escolhidos por parceiros do Brasil CineMundi foram Tatiana Leite, produtora do projeto A Herança, e Luana Melgaço, produtora do projeto Saudade, convidadas para o Torino Film Lab, na Itália; A produtora Paula Pripas, do projeto Desterro, foi chamada para o Ventana Sur; Mato Seco em Chamas, direção de Adirley Queirós e Joana Pimenta, e produção de João Matos, para oCinelatino, na França; e Saudade, escolhido pelo DocSP para integrar o Doc Lab.
“Os projetos deste ano tinham muita vivacidade nas formas de abordar com complexidade aspectos da vida brasileira de hoje, fugindo de retratos sociais óbvios”, destaca um dos jurados, Felipe Bragança. “A maioria era realizadores já com experiência em curtas ou em longas, mas em início de jornada, o que podemos chamar de uma geração que chegou ao cinema nos últimos 10 anos”.
DEBATES, DIÁLOGOS E CAPACITAÇÃO
Para servir de ponte e acesso a essa presença de uma rede de realizadores em vias de ganhar o mundo, foram promovidos 10 debatesdentro do Seminário Brasil CineMundi, passando pelos mais variados temas – de workshop de roteiro com Yolanda Barrasa(Espanha) até mesas de discussões sobre Políticas de Festivais e Estratégias de Programação, Fundos de Investimento e Cooperação Audiovisual Internacional e Panorama de Eventos de Mercado para Documentários, entre vários outros. Em destaque nas conversas, os caminhos para que um projeto ainda em desenvolvimento consiga fechar acordos de coprodução que ajudem a viabilizá-lo. “Algo muito importante nas coproduções é permitir ao filme ser exibido em mais lugares”, frisou Diana Bustamante.
Alguns casos foram debatidos de maneira detida, como o do filme colombiano La Tierra y La Sombra, de César Augusto Acevedo, premiado no Festival de Cannes na categoria de primeiro longa-metragem com o troféu Caméra D’Or. O filme tem participação de Holanda, Chile, França e Brasil e já estreou na Colômbia, sendo visto por 60 mil espectadores. “É um filme muito pessoal, de um roteiro que foi escrito pelo César Augusto ao longo de sete anos”, disse Bustamante, produtora de La Tierra y La Sombra. Giancarlo Nasi, coprodutor chileno, frisou que o trabalho de coprodução nunca termina com o filme pronto. “É preciso lutar, lutar e lutar para estrear em seu país, como dever moral com o filme”.
Em várias mesas do seminário, os participantes foram bastante didáticos para esclarecer dúvidas à plateia, muitas delas em relação à entrada nos mercados internacionais, em especial com filmes prontos tentando vaga nos festivais – espaços que podem ajudar uma produção a se associar a outro país e circular melhor. “Se eu criei minha própria realidade, então tenho uma visão da realidade, e é isso que nós buscamos no festival”, disse Luciano Barisone, do Visions du Réel, festival de documentários realizado na Suíça e um dos mais importantes no mundo.
O encontro Modelos e Políticas para o Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro ofereceu um painel de várias experiências de realização em parceria, como o Polo Audiovisual da Zona da Mata, representado por César Piva, e a SPCine, agência de fomento sobre a qual Maurício Andrade Ramos discorreu. Nesta mesa, estava presente o secretário do Audiovisual, Pola Ribeiro, que falou sobre editais e fundos do Ministério da Cultura para o setor. “Conseguimos este ano dobrar os editais de baixo orçamento e incluir projetos voltados ao público infantojuvenil e a ações positivas de inclusão”, destacou o secretário. Ele também revelou que haverá um fundo de R$ 3,5 milhões para produções indígenas. Por sua vez, o presidente da Rede Minas, Israel do Vale, reivindicou da Secretaria do Audiovisual uma maior atenção aos canais públicos de TV, em especial na disponibilização de filmes brasileiros. “Temos, nestas emissoras, todo um potencial de espectadores ainda a ser explorado”, disse Israel.
Em paralelo ao seminário e atenta à necessidade de capacitação da mão-de-obra para o cinema brasileiro, a CineBH realiza todos os anos uma série de oficinas gratuitas, dos mais variados temas. Este ano foram oito modalidades de curso, como Análise de Estilos Cinematográficos, Formação e Produção de Conteúdos, Empreendedorismo Criativo e workshops de documentário, roteiro e oportunidades do cinema brasileiro no exterior, com disponibilização de 305 vagas.
CINEMA DO MUNDO
Na programação de filmes, a 9ª CineBH se firmou como plataforma de outro tipo de cinema, que não se rende aos modismos autorísticos tão comuns em festivais mundo afora. A curadoria prezou pela atenção a títulos de menor circulação e grande carga expressiva, vários deles inéditos no Brasil ou apresentados em pouquíssimos lugares. Longas-metragens como Escudo de Palha(Japão), de Takashi Miike, Museum Hours (EUA), de Jem Cohen, e Faux Accords (França), de Paul Vecchiali, atraíram a atenção do público, que encheu as sessões, assim como os curtas-metragens e também os quatro títulos franceses que compuseram a seçãoDiálogos Históricos, que tinham ainda o atrativo de um bate-papo com críticos após a exibição.
Os brasileiros também marcaram presença importante, com as pré-estreias de Mate-me Por Favor, de Anita Rocha da Silveira, e o projeto Tela Brilhadora, composto por quatro longas-metragens de baixo orçamento e coordenado por Julio Bressane. Todos tiveram sua primeira exibição no Brasil durante a CineBH. Garoto, de Júlio Bressane, encerra o evento chave de ouro, nesta quinta, dia 22.
A 9ª CineBH termina e anuncia a próxima realização audiovisual da Universo Produção, o festival internacional de cinema de arquivo – o Arquivo em Cartaz - que acontece no Rio de Janeiro, no Arquivo Nacional, de 9 a 13 de novembro, apresentando filmes nacionais e internacionais realizados com imagens de arquivo.
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A 9ª Mostra CineBH e o 6º Brasil CineMundi integram o Cinema sem Fronteiras – programa internacional de audiovisual que a Universo Produção realiza em Minas Gerais e São Paulo e reúne também a Mostra de Cinema de Tiradentes (centrada na produção contemporânea, em janeiro), aCineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto (foco na preservação, história e educação, em junho).
Toda a programação é oferecida gratuitamente ao público e pode ser conferida pelo site cinebh.com.br
Acompanhe a 9ª Mostra CineBH, o 6º Brasil CineMundi e o programa Cinema Sem Fronteiras 2015
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Web: cinebh.com.br
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