Doutora Marga Roth: uma vida pelos Direitos Humanos
Por Micael Vier Behs *
A Pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e Ex-Ouvidora do Sistema Estadual de Segurança Pública do Pará, Ms. Rosa Marga Rothe será condecorada, no próximo dia 3 de setembro, às 20 horas, no Auditório do Colégio Sinodal, em São Leopoldo, com o título de Doutora Honoris Causapela Faculdades EST.
Na véspera da outorga do título, 2 de setembro, às 20 horas, no Auditório da Faculdades EST, a pastora luterana ministrará conferência pública sobre a temática Direitos Humanos e Cidadania – Desafios para a Teologia e a ação pastoral das igrejas. Como pioneira da vivência do evangelho de Jesus Cristo junto aos movimentos sociais do estado do Pará, afirmou o reitor da Faculdades EST, Dr. Oneide Bobsin, a pastora Rosa Marga Rothe transcendeu os limites das instituições que esqueceram de seus compromissos com a dignidade de todos os seres humanos, especialmente dos excluídos pelas desigualdades sociais.Segundo o reitor, a voz profética de Marga Rothe denunciou injustiças, expondo os poderes que matam seres humanos e demais seres da Criação. "A Faculdades EST outorga este título à pastora Marga Rothe e aos movimentos sociais que lutam pela dignidade da vida, a fim de que a graça e a verdade se encontrem e a paz e a justiça se beijem, conforme Salmo 85, 10", destacou.
Primeira pastora ordenada a trabalhar junto à Comunidade Evangélica Luterana de Belém do Pará, Marga Rothe é reconhecida nacionalmente por sua militância em prol dos direitos humanos, tendo desempenhado papel protagonista frente ao Movimento pela Libertação dos Presos do Araguaia na década de 80 do século passado. Presidenta da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH) entre 1987 e 1991, coordenou a equipe de Educação Popular do Centro de Intercâmbio de Pesquisas e Estudos Econômicos e Sociais, promovendo a alfabetização de adultos a partir do método Paulo Freire.
Filha de imigrantes alemães, Marga Rothe ingressou no curso de Teologia da Universidade Federal do Pará em 1976, concluindo o mestrado em Antropologia Social nesta mesma universidade, em 1998. Preocupada com a garantia dos direitos das mulheres e de setores sociais marginalizados, contribuiu ativamente para a criação, na década de 80, da Pastoral Popular Luterana (PPL).Em sua atividade como Ouvidora do Sistema de Segurança Pública no Estado do Pará, Marga Rothe contribuiu para diminuir a ocorrência de crimes e torturas impetrados por agentes de segurança pública, articulando também o Programa de Proteção de Vítimas, Familiares e Testemunhas de Violência (PROVITA).
Em reconhecimento à sua militância foi condecorada, em 2004, com o prêmio de Direitos Humanos conferido pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos do gabinete da presidência da República e, em 2008, com o Prêmio José Carlos Castro, concedido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Belém do Pará. Nascida em Mückenberg, na Alemanha, Marga Rothe é divorciada e tem dois filhos e uma filha. Antes de vir para o Brasil com a mãe e duas irmãs no final da década de 40 do século passado, experimentou ainda criança as perseguições contra mulheres e meninas na conjuntura do pós-guerra.
Antes de concluir o curso de Teologia e tornar-se referência na promoção e garantia dos direitos humanos, especialmente no estado do Pará, a pastora luterana trabalhou como vendedora, caixa, auxiliar de escritório, cabeleireira e esteticista.
*Matéria enviada por Clevane Pessoa, vice-presidente do Imersão Latina
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