Poeta José Inácio de Melo homenagea a Francisco Carvalho no Terças Poéticas
O povo fala grosso
mas não segue adiante
porque tem um fosso.
O povo mostra o rosto
mas não pode ser visto
porque tem um fosso.
O povo não tem sobrosso
mas é expulso da festa
porque tem um fosso.
O povo paga imposto
mas fica à margem do rio
porque tem um fosso.
Fosse de que modo fosse
a vida não mudaria
porque tem um fosso.
mas não pode ser visto
porque tem um fosso.
O povo não tem sobrosso
mas é expulso da festa
porque tem um fosso.
O povo paga imposto
mas fica à margem do rio
porque tem um fosso.
Fosse de que modo fosse
a vida não mudaria
porque tem um fosso.
A fome mostra o seu dorso
mas não prova do manjar
porque tem um fosso.
Espectros de pele e osso
contai vossa fome ao vento
porque tem um fosso.
Francisco Carvalho
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