Plano do novo presidente paraguaio promete possibilitar a reforma agrária no país


O recém-empossado presidente do Paraguai anunciou a realização da reforma agrária no país. Fernando Lugo deve iniciar um plano que irá retomar para o Estado um total de oito milhões de hectares, para depois dividi-los entre as cerca de 300 mil famílias que pedem a democratização do acesso à terra no Paraguai. A medida visa concertar um erro histórico cometido pelo ex-ditador Alfredo Stroessner que simplesmente doou estas terras aos seus amigos. Stroessner governou o Paraguai entre 1954 e 1989.

Uma lista com nome e sobrenome dos beneficiados com a terras doadas será apresentada até o dia 28 de agosto.

Outro tema polêmico, mas que ainda não teve desfecho, é a questão dos produtores rurais brasileiros que moram no Paraguai. Eles hoje são os maiores produtores de soja do país e alvo dos movimentos sociais que pedem a desapropriação das suas terras, sob alegação de que a prática do cultivo é feita de forma indiscriminada, sem levar em conta os danos ambientais e sociais que ela causa.

Fernando Lugo parece ter apoio popular para tomar esta e outras medidas consideradas polêmicas. Segundo uma pesquisa realizada pela consultoria paraguaia Primeiras Análises (nome em português), o novo presidente tem uma aceitação de cerca de 90% da população. Além da solução dos problemas dos camponeses, a pesquisa aponta que o povo paraguaio espera melhorias na saúde, educação e geração de empregos.

Paraguai quer mais clareza sobre gastos em Itaipu

O novo diretor paraguaio da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, Carlos Mateo, anunciou que fará uma auditoria das contas da represa para tornar mais transparente o controle das ações administrativas. Serão prestadas satisfação à controladoria e à procuradoria geral do Paraguai. A medida será adotada porque o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, apontou que o gerenciamento do lado paraguaio da usina é um dos principais focos de corrupção do país.

Mateo denunciou que há funcionários que recebem salários que poderiam ser considerados astronômicos para os cargos que executam. Ele ainda aponta a existência de 500 funcionários fantasmas, ou seja, que recebem salário, mas que não trabalham ou que nem sequer existem.

Paralelo a isso, segue ainda a discussão sobre o preço que o Brasil paga ao Paraguai, referente ao consumo sobressalente de energia. Itaipu foi construída em uma parceria entre os dois países e cada país tem direito a 50% da energia ali produzida. No entanto, o Paraguai consome apenas 5% da eletricidade produzida e vende o restante para o Brasil.

O valor pago pelo excedente é considerado baixo pelo governo paraguaio. O Brasil paga cerca de R$ 480 milhões por ano pelo uso desta energia. Já a administração de Fernando Lugo quer que esse valor seja superior à R$ 3 bilhões.

Enviada por: Radioagência Notícias do Planalto. Texto de Juliano Domingues.

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