El Salvador: ex-guerrilheiro é eleito presidente
O ex-guerrilheiro e candidato de esquerda Salvador Sánchez Cerén foi finalmente anunciado como vencedor do segundo turno da eleição presidencial de El Salvador, segundo a apuração final do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE). Após quatro dias de tentativas da oposição conservadora de suspender o resultado, alegando "fraude eleitoral", a Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN) sai vitoriosa da recontagem de atas.
Reprodução
Salvador Sánchez Cerén, da FMLN, assumirá o cargo de presidente de El Salvador em 1º de junho.
Sánchez Cerén, de 69 anos, é o atual vice-presidente do primeiro governo de esquerda de El Salvador, presidido desde 2009 por Mauricio Funes. Ele venceu o primeiro turno de 2 de fevereiro com 48,9% dos votos, contra 38,9% de opositor.
No segundo pleito realizado no último domingo (9), a apuração já indicava a vitória do governista Sánchez Céren, da FMLN, por uma vantagem de 6.634 votos (50,1%) sobre o direitista Normán Quijano, da Aliança Republicana Nacionalista (Arena). Contudo, Quijano protestou e exigiu a contagem "voto a voto". O candidato de direita também pediu a anulação do processo por considerar que houve "fraude".
Entretanto, nesta quarta-feira (12), o presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) salvadorenho, Eugenio Chicas, anunciou que a recontagem das atas eleitorais só confirmou a vitória de Sánchez Cerén com mesma porcentagem anunciada anteriormente: 50,11% dos votos (1.495.815) contra 49,89% (1.489.451) de Norman Quijano, da Arena.
Manobra da oposição
A Arena interpôs uma série de pedidos ao TSE salvadorenho. Primeiro, solicitou a recontagem um a um de todos os 2.981.654 votos envolvidos no pleito. O pedido foi negado pelo órgão eleitoral, pois, de acordo com a legislação do país, a recontagem total só pode ser realizada se o número de votos impugnados for maior do que a diferença entre os dois candidatos. Pelas contas do TSE, há 4.191 votos anulados, cifra inferior à distância entre Salvador e Quijano no pleito.
O presidente do TSE, Eugenio Chicas, explicou que se obtiveram todas as atas emitidas neste domingo (9) no segundo turno eleitoral para começar a contagem. "É verdade que foi uma eleição apertada, mas nos dá resultados claros", assegurou o magistrado ao fazer referência ao processo eleitoral em El Salvador.
Antes de receber a negativa do TSE, a Arena retirou seus representantes do local onde ocorria a apuração das 23 urnas eleitorais que precisavam ser revistas. Por este motivo, o TSE interrompeu imediatamente o processo de escrutínio final para manter a legitimidade da recontagem. O partido da direita salvadoronha queria que o TSE mostrasse mais "imparcialidade" no processo, retirasse do ar um comercial da FMLN em que Salvador Sánchez Cerén se declarava vencedor da disputa e respondesse à demanda sobre a recontagem total.
Chicas afirmou na noite de domingo que não declararia nenhum presidente eleito até terminar a contagem final, mas insistiu que a tendência já era irreversível. A Arena, que não reconheceu o resultado preliminar, classificou o órgão eleitoral como corrupto. O partido político também pediu a anulação completa do processo eleitoral do segundo turno das eleições presidenciais salvadorenhas.
Apoio das Forças Armadas
O candidato opositor, Quijano, desqualificou o presidente do TSE, ao declarar que este não é "nada confiável", além de estar "vendido à ditadura". Perante a iminente derrota, Quijano disse que "a Força Armada está pronta para fazer democracia", depois de divulgados os resultados finais.
Em contraparte, o partido de esquerda e o mandatário praticamente eleito, Sánchez Céren, destacou estar seguro de que "a Força Armada vai respeitar seu comandante e sobretudo as instituições democráticas de El Salvador".
O ministro da Defesa de El Salvador, David Munguía Payés, manifestou nesta quarta-feira (12) preocupação com os chamados de líderes da Arena "para intervir no processo eleitoral". Ao mesmo tempo, Payés expressou seu apoio à decisão do povo.
Através de um comunicado sublinhou que "sob nenhuma circunstância se prestará à manipulação de qualquer pessoa ou grupo que procure influenciar ou instrumentalizar atos para fins contrários a vontade do povo salvadorenho".
Quem é Salvador Sánchez Cerén?
Salvador Sánchez Cerén assumirá o cargo de presidente de El Salvador em 1º de junho. Ele é o primeiro ex-guerrilheiro a assumir a presidência do país e o quarto na América Latina, depois do nicaraguense Daniel Ortega, do uruguaio José Mujica e da brasileira Dilma Rousseff.
O líder da FMLN nasceu em 18 de junho de 1944, no município de Quezaltepeque, cerca de 25 quilômetros ao norte da capital, no departamento de La Libertad. Se formou professor aos 19 anos, na Escola Normal Alberto Masferrer. Acompnhou as demandas sociais feitas por seus colegas de profissão ao se juntar à Associação Nacional de Educadores de El Salvador (Andes).
Percebendo a necessidade de ampliar a luta contra a ditadura militar, ele se juntou a organizações de esquerda populares. Pouco depois ele se somou aos guerrilheiros das Forças de Libertação Popular (FPL).
Da união desta e de outras quatro organizações nasceu a FMLN, em 1980, com Sánchez Cerén sendo um dos seus comandantes. Com a FMLN já transformada em partido político (1992), ele foi eleito deputado no ano 2000. Sanchéz Cerén foi nomeado ministro da Educação ad honorem e, a partir daí, criou as bases para a transformação do sistema educacional e lançou um programa de alfabetização.
Ele é o autor dos livros Com sonhos se escreve a vida, A guerra que não queríamos, O país que eu quero e O bem viver em El Salvador. Nestas obras ele explica sua visão das lutas populares e do futuro da nação salvadorenha.
Théa Rodrigues
No segundo pleito realizado no último domingo (9), a apuração já indicava a vitória do governista Sánchez Céren, da FMLN, por uma vantagem de 6.634 votos (50,1%) sobre o direitista Normán Quijano, da Aliança Republicana Nacionalista (Arena). Contudo, Quijano protestou e exigiu a contagem "voto a voto". O candidato de direita também pediu a anulação do processo por considerar que houve "fraude".
Entretanto, nesta quarta-feira (12), o presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) salvadorenho, Eugenio Chicas, anunciou que a recontagem das atas eleitorais só confirmou a vitória de Sánchez Cerén com mesma porcentagem anunciada anteriormente: 50,11% dos votos (1.495.815) contra 49,89% (1.489.451) de Norman Quijano, da Arena.
Manobra da oposição
A Arena interpôs uma série de pedidos ao TSE salvadorenho. Primeiro, solicitou a recontagem um a um de todos os 2.981.654 votos envolvidos no pleito. O pedido foi negado pelo órgão eleitoral, pois, de acordo com a legislação do país, a recontagem total só pode ser realizada se o número de votos impugnados for maior do que a diferença entre os dois candidatos. Pelas contas do TSE, há 4.191 votos anulados, cifra inferior à distância entre Salvador e Quijano no pleito.
O presidente do TSE, Eugenio Chicas, explicou que se obtiveram todas as atas emitidas neste domingo (9) no segundo turno eleitoral para começar a contagem. "É verdade que foi uma eleição apertada, mas nos dá resultados claros", assegurou o magistrado ao fazer referência ao processo eleitoral em El Salvador.
Antes de receber a negativa do TSE, a Arena retirou seus representantes do local onde ocorria a apuração das 23 urnas eleitorais que precisavam ser revistas. Por este motivo, o TSE interrompeu imediatamente o processo de escrutínio final para manter a legitimidade da recontagem. O partido da direita salvadoronha queria que o TSE mostrasse mais "imparcialidade" no processo, retirasse do ar um comercial da FMLN em que Salvador Sánchez Cerén se declarava vencedor da disputa e respondesse à demanda sobre a recontagem total.
Chicas afirmou na noite de domingo que não declararia nenhum presidente eleito até terminar a contagem final, mas insistiu que a tendência já era irreversível. A Arena, que não reconheceu o resultado preliminar, classificou o órgão eleitoral como corrupto. O partido político também pediu a anulação completa do processo eleitoral do segundo turno das eleições presidenciais salvadorenhas.
Apoio das Forças Armadas
O candidato opositor, Quijano, desqualificou o presidente do TSE, ao declarar que este não é "nada confiável", além de estar "vendido à ditadura". Perante a iminente derrota, Quijano disse que "a Força Armada está pronta para fazer democracia", depois de divulgados os resultados finais.
Em contraparte, o partido de esquerda e o mandatário praticamente eleito, Sánchez Céren, destacou estar seguro de que "a Força Armada vai respeitar seu comandante e sobretudo as instituições democráticas de El Salvador".
O ministro da Defesa de El Salvador, David Munguía Payés, manifestou nesta quarta-feira (12) preocupação com os chamados de líderes da Arena "para intervir no processo eleitoral". Ao mesmo tempo, Payés expressou seu apoio à decisão do povo.
Através de um comunicado sublinhou que "sob nenhuma circunstância se prestará à manipulação de qualquer pessoa ou grupo que procure influenciar ou instrumentalizar atos para fins contrários a vontade do povo salvadorenho".
Quem é Salvador Sánchez Cerén?
Salvador Sánchez Cerén assumirá o cargo de presidente de El Salvador em 1º de junho. Ele é o primeiro ex-guerrilheiro a assumir a presidência do país e o quarto na América Latina, depois do nicaraguense Daniel Ortega, do uruguaio José Mujica e da brasileira Dilma Rousseff.
O líder da FMLN nasceu em 18 de junho de 1944, no município de Quezaltepeque, cerca de 25 quilômetros ao norte da capital, no departamento de La Libertad. Se formou professor aos 19 anos, na Escola Normal Alberto Masferrer. Acompnhou as demandas sociais feitas por seus colegas de profissão ao se juntar à Associação Nacional de Educadores de El Salvador (Andes).
Percebendo a necessidade de ampliar a luta contra a ditadura militar, ele se juntou a organizações de esquerda populares. Pouco depois ele se somou aos guerrilheiros das Forças de Libertação Popular (FPL).
Da união desta e de outras quatro organizações nasceu a FMLN, em 1980, com Sánchez Cerén sendo um dos seus comandantes. Com a FMLN já transformada em partido político (1992), ele foi eleito deputado no ano 2000. Sanchéz Cerén foi nomeado ministro da Educação ad honorem e, a partir daí, criou as bases para a transformação do sistema educacional e lançou um programa de alfabetização.
Ele é o autor dos livros Com sonhos se escreve a vida, A guerra que não queríamos, O país que eu quero e O bem viver em El Salvador. Nestas obras ele explica sua visão das lutas populares e do futuro da nação salvadorenha.
Théa Rodrigues
Com informações da Prensa Latina e de agências de notícias
Comentários