Golpe militar hondurenho se torna cada vez mais repressivo


Por: Leonardo Fernandes*

O início da semana na capital hondurenha de Tegucigalpa foi marcado por forte repressão contra as mobilizações contra o golpe militar que se deu no país na madrugada do domingo, 28 de junho.
Ao final da tarde de segunda-feira, o governo golpista mandou seus efetivos fecharem os poucos veículos de comunicação que continuavam funcionando no país, principalmente os veículos internacionais que enviavam imagens desde Honduras para o resto do mundo.

A equipe da televisora pública venezuelana Telesur foi detida pelos efetivos militares e para sua libertação foi necessária uma dura intervenção do embaixador de Venezuela em Honduras, que ainda se encontrava no país. O canal venezuelano é o único veículo internacional de comunicação que, desde o dia de ontem quando se deu o golpe. Além de Telesur, os poucos veículos independentes que continuavam informando a população hondurenha também foram fechados pelos militares, que alegaram questão de segurança o fechamento das televisoras. A jornalista da Telesur Adriana Sivori, assimcomo jornalistas da agência de notícias American Press (AP) foram detidos pelos militares e passaram por momentos difíceis em poder dos golpistas.

Com uma população completamente desarmada, ficou fácil para o governo militar reprimisse as manifestações que ocuparam as ruas de Tegucigalpa, provocando duas mortes, inúmeros de feridos e vários desaparecidos; muitos destes dirigentes de movimentos sociais. As mobilizações cumprem o plano de atividades dos movimentos sociais que pararam o país com uma greve geral sem duração prevista, segundo alguns dirigentes, até o retorno definitivo do presidente Manuel Zelaya a suas funções de chefe de estado de Honduras.

Muito importante também dizer da cobertura que alguns meios de comunicação privados do mundo têm divulgado informações falsas sobre os ocorridos em Honduras desde ontem. Muitos desses veículos, com o objetivo de deslegitimas o presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya reportam que o golpe militar acontece diante da tentativa do presidente Zelaya de aprovar no domingo sua reeleição como presidente da república. Sendo que a consulta que se daria no domingo se tratava apenas de uma pesquisa de opinião popular para saber da aprovação da população sobre a possibilidade de se convocar uma assembléia constituinte. É importante dizer que a consulta não teria nenhum caráter aprobatório, e não dizia da reeleição do presidente, senão que a possibilidade de uma reforma da constituição hondurenha.

Pela tarde, a Secretária de Estado norte-americano Hilary Clinton deu uma declaração dizendo que os Estados Unidos seguiriam com o compromisso de cooperação econômica com o governo hondurenho, e que o presidente Zelaya forçou toda a situação que ocorre em Honduras, ao insistir na convocação da consulta cidadã que ocorreria no domingo. Apesar de que pouco depois o presidente estadunidense Barack Obama tenha dado declarações de não reconhecimento a qualquer governos que não seja do presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya, as declarações prévias da Secretária de Estado, demonstram que jamais estaremos enganados quando relacionamos os Estados Unidos com as intervenções fascistas de grupos militares de direita na região latino-americana, como o foi na Bolívia no ano passado, Venezuela em 2002, ou mesmo durante todos os sangrentosanos de ditadura militar em nossos países durante algumas décadas atrás.

Várias reuniões se sucederam nos últimos dias na capital nicaragüense de Manágua onde presidentes de todo o continente rechaçaram o golpe militar em Honduras e exigiram a restituição do presidente Manuel Zelaya no desempenho de suas funções como presidente do país centro-americano. Os presidentes dos países membros do ALBA [UTF-8?]– Alternativa Bolivariana para os povos das Américas, também de SICA [UTF-8?]– Sistema de Integração Centro Americana, Grupo do Rio, e convidados como o secretário geral da OEA José Miguel Insulza, permanecem na Nicarágua discutindo as medidas que serão tomadas no sentido de reverter a situação de golpe. O secretário da OEA também viajará a Honduras nesta quinta-feira, quando deve acompanhá-lo o presidente deposto Manuel Zelaya.

Também os países do ALBA decidiram por unanimidade retirar seus embaixadores de Honduras, assim como não reconhecer nenhum funcionário do poder público hondurenho que não faça parte do governo legitimamente eleito de Manuel Zelaya.

2º dia do golpe Militar em Honduras.

Desde as primeiras horas do dia os canais públicos de televisão da Venezuela, principalmente o canal intercontinental Telesur, vem enviando informações desde Honduras ao vivo sobre a situação política no país centro-americano.

Há pouco tempo, a Telesur denunciou o cerceamento do trabalho da imprensa no país. Um grande número de veículos de imprensa forma tomados pelo exército golpista ou mesmo fechados deliberadamente e os únicos meios que continuam funcionando são os meios privados que somente reproduzem desenhos animados e programas de entretenimento.

A Telesur também divulgou imagem das mobilizações populares que estão ocorrendo neste momento em Tegucigalpa, capital hondurenha. Frente à greve geral convocada pelos sindicatos e movimentos sociais de todo o país, e o fechamento de vias na capital, o governo golpista mantém todo o país, principalmente a região onde se concentra o poder do país, fortemente militarizado, endurecendo ainda mais o cerco militar e a repressão no país.

Desde que lograram o golpe militar na manhã de ontem, domingo, os militares que detém o poder em Honduras deram uma série de declarações condenando a relação do presidente democraticamente Manuel Zelaya com presidentes sul-americanos como Fidel Castro e Hugo Chávez Fríaz.

A ministra de Relações Exteriores de Honduras, Patrícia Rodas, seqüestrada pelos militares na manhã do dia de ontem, foi trasladada para o México com vida, depois de horas sob poder das forças repressivas. A ministra se dirige hoje para Manágua, capital da Nicarágua para assistir junto ao presidente Manuel Zelaya à reunião do SICA [UTF-8?]– Sistema de Integração Centro-americana.

Ainda hoje, se está sendo realizada uma nova reunião entre os países membros da Alternativa Bolivariana para as Américas [UTF-8?]– ALBA [UTF-8?]– também em Manágua pelo segundo dia consecutivo.

Também foi convocada uma reunião de emergência do Grupo do Rio, numa articulação para envolver a governos que não fazem parte nem do ALBA, nem do SICA, como Brasil, Chile, Argentina, ambos que já manifestaram seu rechaço ao golpe militar em Honduras.

As mobilizações populares seguem fortemente nos mediações do palácio presidencial na capital Tegucigalpa, e em resposta, um grande efetivo militar protege o palácio do governo e se prepara para a reação, que no dia de hoje, demonstra ser mais forte do que no primeiro dia de golpe.

Mais informações pelos sites:

http://www.telesurtv.net/
http://www.aporrea.org/
http://www.albatv.org/

*Enviado por colaborador de Caracas/Venezuela.
e-mail: mailto:leofernandesf%40yahoo.com.br

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