União Sadia & Perdigão: “Seu pão com salame nunca mais será o mesmo...”

Por Pettersen Filho*

Sendo uma espécie de “ Primo Pobre ” do que os Norte - americanos chamam de “ fast food ”, compreendido como hamburguers , cheeseburgers e hot - dogs , o “ Pão com Salame ” é um quebra-galho, lanche-rápido ou sanduíche, tipicamente adaptado à realidade Terceiro-mundista brasileira , em que, nos canteiros de obra e nas escolas, os menos afortunados saciam sua fome de arroz-com-feijão, na sua falta, com o velho pão-com-salame, trazido, como iguaria, ainda, pelos velhos Carcamanos da Sicília ou Toscana italianas, no Bairro da Bexiga ou do Brás - Paulista.

Assim sendo, recurso à que lança mão boa parte dos brasileiros, nas vielas das favelas e sinais de trânsito, menos por pressa, como é o caso americano, mas, por falta de poder aquisitivo, o velho pão , às vezes dormido e endurecido, e o bom salame , às vezes, mal conservado e excessivamente apimentado, arrastam consigo, já, muitas décadas de tradição, como alimento rápido, fácil e barato, o que, agora, dado a “ União ” das duas maiores beneficiadoras do produto embutido : salames, presuntos, lingüiças e outros do gênero, o Frigorífico “ Sadia” e o Congênere “ Perdigão” , até ontem, a tardinha, concorrentes audazes e inimigos ferozes, expediente que ajudava a manter uma salutar Disputa de Mercado brasileiro, com notório reflexo no preço, arriscam-se a não mais o ser.

“ Donas ” de cerca de oitenta por cento do Mercado Tupiniquim de Embutidos, Frango, Porco e outros, a Sadia e a Perdigão orçam exportações, para todo o Mundo, que beiram cerca de Um Bilhão de Dólares , o que representa um bom bocado, também, do Mercado Mundial, agora, com a anunciada União , detentoras, em conjunto, do maior rol de exportações do Globo, na área.

No entanto, profundamente atingidas pela atual Recessão Mundial , as Empresas, que já se digladiavam, inclusive com nuances de ofertas acionárias desleais, de uma para com a outra, em busca do Controle Acionário , resolveram fundir-se, dependendo, tão somente, de posterior aval do CADE – Conselho de Acompanhamento e Desenvolvimento Econômico, uma espécie de Órgão Anti-trust brasileiro, o que, contudo, a julgar pelas suas manifestações anteriores, parece não ser problema, diante da pujança da Nova Empresa , já batizada de “ Brazil Foods ”, em bom inglês: “ Brasil Alimentos ”.

Como não, de fato, com olhos postos no passado recente, no caso da Fusão dos Grandes Bancos, Itaú/União , Santander/Banespa , das Siderúrgicas CSNxCosipa , em que o Órgão pouco influiu, ou, a exemplo da União Antarctica/Brahma/Skol , quem gerou a AMBEV , e que gerou, posteriormente, outra Empresa, das maiores cervejarias do Planeta, parece-nos, ademais, que a homologação será mera formalidade.

Ou alguém ai já se esqueceu do gostinho “ amargo ” de chocolate, que ficou, na compra da Chocolates Garoto pela Nestlé , quem gerou verdadeiro Oligopólio no setor, dentro do Mercado Brasileiro, em que o Parecer Contrário do CADE , no caso, terminou em Show do Rei Roberto Carlos em Praça Pública , com bilheteria aberta e panfletagem milionária pelos prédios da cidade, na Cidade de Vitória/ES, Estado em que se localizava a Chocolates Garoto , tão logo entrou em campo a Turma Política do “ Deixa - disso ”.
E “ tome chocolate.... ”

Assim, derivadas de um Modelo de Cooperativismo e Criação , Integrados, de Granja/Frigorífico, sem igual paralelo no Mundo, revelando a força do verdadeiro Brasil Agrícola , enfim, por certo, a União redundará na diminuição da nossa “ Culinária da Fome ”, pelas ruas, em que, o Pão-com-salame pagará, inevitavelmente, a Conta , na mesa do brasileiro, também alcançado pela Carestia e pela Falta de Concorrência .

Contudo, a despeito, fica pelo menos o Consolo , do bom gosto na escolha do Nome desse Casamento Litigioso, feito à boca de garrucha pelas Empresas: “ Brazil Foods”. Afinal, poderia sair da malfadada União , em desprestígio do Cidadão Brasileiro algum monstrengo esquisitoide , cujo fonema impronunciável, talvez batizado, impunemente, de: “ Brasil: Foda-s....”

*Artigo publicado no Jornal Grito Cidadão
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