Documentário Impunidade Mata será lançado nesta terça com debate sobre violência contra profissionais da imprensa


Durante o evento será lançado o documentário sobre o assassinato do jornalista Rodrigo Neto, ocorrido em março de 2013

A violência e a censura praticada contra jornalistas em todo Brasil serão tema de uma mesa redonda que acontece na próxima terça-feira (10), às 20h55, no Auditório Padres do Trabalho, no Centro Universitário do Leste de Minas (Unileste). Participam do debate, o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, Kerison Lopes, professores e o secretário de Estado de Direitos Humanos, Nilmário Miranda. O evento, organizado pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste) faz parte da Semana do Congresso da Escola de Ciências Sociais Aplicadas (Consisa), que acontece entre os dias 9 a 13 de novembro.

Na oportunidade, haverá o lançamento do documentário “Impunidade Mata”, que conta a história do assassinato do jornalista Rodrigo Neto, morto em decorrência do exercício da profissão, em 8 de março de 2013, em Ipatinga. O curta traz depoimentos de colegas de trabalho de Rodrigo Neto, do presidente do Sindicato dos Jornalistas, de integrantes do Comitê Rodrigo Neto e da ex-ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário.
O vídeo foi produzido pela Organização Não Governamental Artigo 19. Com sede em São Paulo, a ONG trabalha na defesa da liberdade de expressão, acesso à informação e liberdade de imprensa, acompanhando casos que envolvam graves violações contra comunicadores em todo o país. Thiago Firbida, representante da Artigo 19, também estará presente ao debate.

A mesa redonda ainda terá a participação da representante do Comitê Rodrigo Neto, a jornalista Gizelle Ferreira. O comitê foi criado logo após o assassinato do repórter investigativo por profissionais da imprensa de Ipatinga. O objetivo é cobrar rigor na apuração do assassinato de Rodrigo. O grupo também foi responsável por produzir uma série de reportagens sobre os casos para os quais Rodrigo cobrava incessantemente por justiça. À época, um dossiê com os principais casos foi entregue nas mãos do então governador de Minas, Antônio Anastasia.

Para Gizelle Ferreira, o evento é uma maneira de fazer com que o caso não caia no esquecimento e também uma forma de esclarecer aos futuros jornalistas sobre a necessidade da federalização dos crimes contra os profissionais de imprensa. “Não podemos esquecer que o crime contra Rodrigo não foi completamente solucionado. Ainda falta saber quem são os mandantes e a motivação. Após a morte dele, outros profissionais morreram e estão sendo ameaçados. Nosso dever enquanto jornalistas e estudantes de jornalismo é cobrar para que os crimes contra os profissionais da imprensa seja federalizado para que a Polícia Federal possa fazer as investigações”, disse.

ENTENDA

O jornalista e radialista Rodrigo Neto foi assassinado em 8 de março de 2003. O crime aconteceu no bairro Canaã, em Ipatinga. O repórter saía de um churrasquinho quando dois homens em uma moto se aproximaram. O carona sacou uma arma e efetuou três tiros certeiros contra a vítima que morreu a caminho do hospital.

A Polícia Civil e o Ministério Público apontaram o ex-detetive Lúcio Lírio Leal e o Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, como sendo os autores do crime. Em abril de 2013, o repórter fotográfico Walgney Carvalho também foi morto a tiros em um pesque pague em Coronel Fabriciano. De acordo com as investigações, “Pitote” aparece mais uma vez como suspeito. Para a polícia não havia dúvidas de que Alessandro queria “calar a boca” de Carvalho, já que o repórter dizia que sabia quem havia matado Rodrigo.

Em junho do ano passado, Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, foi condenado a 16 anos pela morte de Rodrigo, e por uma tentativa de homicídio contra o amigo do jornalista que estava com ele na hora do crime. Em agosto de 2014, o ex-policial civil Lúcio Lírio Leal foi condenado a 12 anos de prisão pela morte do jornalista. Em junho deste ano, “Pitote” foi julgado e sentenciado a mais de 14 anos pelo assassinato do repórter fotográfico.
Nenhum dos dois condenados confessou qualquer participação no crime, mas a Polícia Civil de Belo Horizonte e o Ministério Público tiveram provas robustas para levar os acusados ao banco dos réus.


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