Inauguração da discórdia social brasileira
Por Carlos Lúcio Gontijo*
Não nos damos bem com o radicalismo, o fundamentalismo e os posicionamentos desprovidos de qualquer respeito pelo outro, pelo próximo, principalmente quando vivemos em regime democrático, onde as pessoas têm o direito até de desancar autoridades nas redes sociais, protegidas pelo escudo invisível do chamado mundo virtual e, ainda assim, gritar que carecemos de liberdade de expressão – que muitas vezes é confundida com libertinagem e incontinência verbal.
Assistimos a um punhado de gente querendo mudança política, que esperava vir das urnas democráticas e, como não veio, quer agora encaminhar seu desejo na marra, à força. E tome manchetes de jornais e demais meios de comunicação transformados em fulcro oposicionista; quebra-quebra de todos os teores e procedências. Neste momento, os brasileiros contrariados com o resultado da recente eleição presidencial esperam que a mudança, literalmente, venha de caminhão e, desabridamente, insuflam (de todas as maneiras possíveis e imagináveis) o movimento grevista dos caminhoneiros.
Dentro da lógica do radicalismo, tudo é válido em prol da luta desvairada pelo poder. Não estamos no fulcro de um digladiar ideológico, mas em meio ao simplismo da mesquinhez de uma briga pelo poder de mando a qualquer custo. Até o tema corrupção é motivo por desavença de cunho infantilizado, pois a malversação e desvio de dinheiro público atinge todos os partidos, que no caso do Brasil não passam de siglas sob as quais vários grupos políticos buscam resguardar seus interesses, que são sempre colocados acima dos anseios da maioria da população.
Surrealista e infantilmente, como todos os partidos se veem mergulhados na mesma lama da corrupção, uns mais outros menos, eles ficam querendo provar à população qual é o menos sujo em meio ao lamaçal. A denúncia seletiva começa neste lodaçal e se estende aos meios de comunicação e outras elevadas instâncias de poder constituído, que também revestidas de partidos políticos passam a superestimar as falcatruas de uns e, ao mesmo tempo, blindar os desmandos de outros.
O mais dramático de tudo isso é que a quezila suicida desenvolvida por grupos de interesse e capital está fortemente entranhada nas redes sociais da internet, onde a discussão desprovida de alicerce e conhecimento histórico promove um estrago sem precedentes, pois inaugura no Brasil a temida discórdia social, que é a célula mor do ovo da serpente que gera atentados, ideias fascistas e todo tipo de fundamentalismo, fenômenos dos quais advém o terrorismo que grassa mundo afora, aproveitando-se da lavoura social malcuidada e dominada pela discussão política insensata, da qual se obtém mais calor destrutivo que a luz do discernimento capaz de nos levar à construção de um país mais justo e propício a dar a cada um de seus filhos o legítimo tratamento de cidadão, distanciando-os do sentimento de verem a si mesmos como estrangeiros em seu próprio torrão natal.
* Carlos Lúcio Gontijo Jornalista, poeta e escritor
www.carlosluciogontijo.jor.br
Não nos damos bem com o radicalismo, o fundamentalismo e os posicionamentos desprovidos de qualquer respeito pelo outro, pelo próximo, principalmente quando vivemos em regime democrático, onde as pessoas têm o direito até de desancar autoridades nas redes sociais, protegidas pelo escudo invisível do chamado mundo virtual e, ainda assim, gritar que carecemos de liberdade de expressão – que muitas vezes é confundida com libertinagem e incontinência verbal.
Assistimos a um punhado de gente querendo mudança política, que esperava vir das urnas democráticas e, como não veio, quer agora encaminhar seu desejo na marra, à força. E tome manchetes de jornais e demais meios de comunicação transformados em fulcro oposicionista; quebra-quebra de todos os teores e procedências. Neste momento, os brasileiros contrariados com o resultado da recente eleição presidencial esperam que a mudança, literalmente, venha de caminhão e, desabridamente, insuflam (de todas as maneiras possíveis e imagináveis) o movimento grevista dos caminhoneiros.
Dentro da lógica do radicalismo, tudo é válido em prol da luta desvairada pelo poder. Não estamos no fulcro de um digladiar ideológico, mas em meio ao simplismo da mesquinhez de uma briga pelo poder de mando a qualquer custo. Até o tema corrupção é motivo por desavença de cunho infantilizado, pois a malversação e desvio de dinheiro público atinge todos os partidos, que no caso do Brasil não passam de siglas sob as quais vários grupos políticos buscam resguardar seus interesses, que são sempre colocados acima dos anseios da maioria da população.
Surrealista e infantilmente, como todos os partidos se veem mergulhados na mesma lama da corrupção, uns mais outros menos, eles ficam querendo provar à população qual é o menos sujo em meio ao lamaçal. A denúncia seletiva começa neste lodaçal e se estende aos meios de comunicação e outras elevadas instâncias de poder constituído, que também revestidas de partidos políticos passam a superestimar as falcatruas de uns e, ao mesmo tempo, blindar os desmandos de outros.
O mais dramático de tudo isso é que a quezila suicida desenvolvida por grupos de interesse e capital está fortemente entranhada nas redes sociais da internet, onde a discussão desprovida de alicerce e conhecimento histórico promove um estrago sem precedentes, pois inaugura no Brasil a temida discórdia social, que é a célula mor do ovo da serpente que gera atentados, ideias fascistas e todo tipo de fundamentalismo, fenômenos dos quais advém o terrorismo que grassa mundo afora, aproveitando-se da lavoura social malcuidada e dominada pela discussão política insensata, da qual se obtém mais calor destrutivo que a luz do discernimento capaz de nos levar à construção de um país mais justo e propício a dar a cada um de seus filhos o legítimo tratamento de cidadão, distanciando-os do sentimento de verem a si mesmos como estrangeiros em seu próprio torrão natal.
* Carlos Lúcio Gontijo Jornalista, poeta e escritor
www.carlosluciogontijo.jor.br
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