Exposição 20 centavos com Pinturas de Miguel Gontijo tem abertura na próxima semana em Belo Horizonte


“O artista é aquele que cabe, a partir de numerosas coisas fazer delas uma só, e,
a partir da menor parte de uma só coisa fazer um mundo.”   -  Rilke

No mundo dos Super-heróis quase todos os nossos românticos mocinhos, em busca da liberdade, ocultam-se por detrás das máscaras. Dentre muitos, cito: Durango Kid, Zorro, Batman e Robin, Fantasma, Homem Aranha, Spirit e, sem esquecer, o Pierrot, a Colombina, o mistério do põe e tira óculos do Superman e do sofrido Fantasma da ópera.

Em 1981 lançou-se nos Estados Unidos a historia em quadrinho “V de Vingança*”. Um hino à resistência e à necessidade de liberdade. Nessa história, como em quase todas as outras dos meus queridos super-heróis, o galã usa uma máscara.

E foi essa máscara o símbolo desse recente movimento de junho.

                                                        ‘... enquanto isso, na Sala de Imprensa...”         as máscaras tiveram seu uso proibido....

Os quadros dessa mostra não falam de máscaras.
Falam de pessoas que em busca de justiça colocaram suas caras a tapas estampadas pelas redes sociais. E são essas imagens que roubei do Facebook que serviram de sustentação para que eu fale de dois movimentos distintos deflagrados por causas semelhantes.

As imagens que compõem os meus quadros são as de hoje, os símbolos que nelas interferem e as interrogam são os de ontem. Uma união de dois tempos dialogando.

Em outro momento essa não seria minha arma para registrar esses fatos, pois não gosto de arte engajada, preferiria (preferi) os arroubos físicos da juventude.

Foi na minha juventude que o livro “1984”, de George Orwell, fez grande sucesso. E dele retiro o comando de ordem: “Mantenha-se o sistema!” E é esse mesmo comando que ecoa até nós, nos dias de hoje. O mesmo povo jovem, ufanista, viril e forte que toma conta das ruas, rapidamente se verga diante do poder constituído e se vende por míseros “Vinte Centavos”. A mesma rede social que mostra esse povo novo registra também as mesmas ideias do pequeno burguês abominável da minha geração.
Para mim, o que restou foi a poesia do momento, pois tudo não passou de um carnaval temporão, cantando a uma só voz a modinha dos anos setenta: “... foi tudo ilusão passageira, que a brisa primeira levou...”

Essa série de pinturas é feita de intrigas, despreparos, combates, aventuras, vandalismos e presepadas. Como bem convém a emoção é também feita de enigmas, calúnias, ódios e amores.
Portanto é dedicada aos poetas, visionários e guerreiros do meu mundo místico.

Miguel Gontijo
novembro de 2013

* - Alan Moore (roteiro) e David Lloyd (arte)

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