Milhares de pessoas participaram do 18º Grito dos Excluídos

Concentração do Grito dos Excluídos e das Excluídas na Praça da Estação. 
Fonte: http://www.cutmg.org.br 

O Grito dos Excluídos levou milhares de pessoas às ruas de 25 estados brasileiros, neste dia 7 de setembro, feriado nacional da independência do Brasil. O tema deste ano foi: “Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população”. Movimentos sociais, pastorais, redes e organizações populares se mobilizaram para reivindicar direitos e denunciar as ações do Estado e de empresas que destroem as condições de vida das pessoas e o meio ambiente.

Em todo o País, o Grito dos Excluídos tem atividades variadas e simbólicas como atos públicos, romarias, celebrações, apresentações culturais, feiras e seminários para chamar a atenção da sociedade para a luta dos trabalhadores e de segmentos socialmente excluídos e suas reivindicações, Dom Guilherme Antônio Werlang, presidente da Comissão Episcopal Pastoral, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirmou este ano que os movimentos sociais expressam seu desejo de mudança nesta data: “O Estado faz pequenas concessões, mas não muda sua estrutura”, disse o religioso.

No Piauí as pastorais e movimentos sociais organizaram uma bela mística e reivindicaram direitos e políticas públicas para as mulheres e jovens, com destaque para a segurança e qualidade de vida. Também foram reivindicados qualificação na saúde e na educação. No início da manifestação, a polícia militar não quis deixar passar o Grito com os dois carros de som. Depois de negociações, a marcha foi liberada.

Já em Fortaleza houve ampla participação dos movimentos e pastorais sociais. Um destaque foi a grande participação das comunidades locais em defesa da moradia, trabalho e geração de renda. Os manifestantes também reivindicaram segurança, lazer e educação para os jovens. Houve protestos contra a violência do Estado e as grandes obras da Copa de 2014 que estão desalojando muitas famílias na capital cearense. Por outro lado, houve reivindicações por um Estado democrático e promotor da justiça social. Cerca de 4.500 pessoas participaram do ato.

Em Aracaju, a concentração aconteceu no centro da cidade, na Praça da Catedral, onde aconteceram apresentações teatrais com o tema da violência contra as mulheres e jovens. Os estudantes também se manifestaram em defesa da saúde e educação pública, gratuita e de qualidade. As manifestações em defesa da população de rua, contra a falta de segurança e por uma política de combate as drogas e homicídios também foram temas, assim como a reforma agrária e a soberania alimentar. Na celebração ecumênica participaram cerca de 6 mil pessoas.

Em Sergipe, o Grito teve ampla participação popular, de movimentos e pastorais sociais reivindicando saúde, educação e o direito de greve. Foram feitas manifestações contra a corrupção, contra a violação praticada sobre as mulheres e jovens e contra a privatização. Também houve atos em defesa do voto consciente.

No sul do Brasil, em Porto Alegre, foram realizados atos que demonstraram a insuficiência do Estado brasileiro em elaborar e executar políticas públicas que garantam os direitos das mulheres, dos jovens e dos trabalhadores em geral. Além disso, os temas do Grito em Porto Alegre foram as políticas públicas, o combate à violência, ao crime organizado e à corrupção. Foi destacada também a necessidade do protagonismo político e social dos movimentos populares e a 5ª Semana Social Brasileira.

Gritos no sudeste 

Na cidade de São Paulo houve dois atos do Grito dos Excluídos. Um deles iniciou com uma celebração na catedral da Sé, no centro da cidade. Logo após, nas escadarias da catedral aconteceu o ato de abertura com uma mística, danças indígenas e uma fala da coordenação do ato. Os manifestantes caminharam até o Parque da Independência onde foram realizadas encenações e os trabalhadores reivindicaram moradia, terra e trabalho. Um dos destaques foi o questionamento e crítica aos incêndios nas favelas da cidade e a remoção das famílias que não tem garantia de novas moradias. Já o outro Grito da cidade saiu em caminhada da Avenida Paulista em direção ao parque do Ibirapuera. Com a participação dos sem teto, do povo de rua, vendedores ambulantes, de representantes do movimento pela saúde pública e de qualidade, movimento em defesa da mulher, das crianças, adolescentes e jovens e movimento negro, o ato foi contra a especulação imobiliária, em defesa da soberania popular e em defesa de um Estado democrático. Os manifestantes distribuíram cerca de 10 mil cartas abertas à população. Em Campinas foi realizado um ato em defesa da saúde pública e gratuita, contra a violência e a privatização da água. O ato também foi em defesa das mulheres e dos jovens. E durante a semana houve o Grito das Crianças que reivindicaram “Vida em primeiro lugar”.

Cerca de 2500 pessoas participaram do Grito na cidade. Em Belo Horizonte, os manifestantes partiram da praça da Estação em direção à Avenida Afonso Pena onde fizeram um ato em defesa da educação e da cultura popular, da reforma política, da reforma urbana, entre outras pautas. Também foram feitas manifestações contra a criminalização da pobreza, contra as privatizações e as grandes obras, além de lutarem contra a violência sobre a mulher e o extermínio de jovens.

Fonte: Secretaria do Grito dos Excluídos
http://gritoexcluidos.blogspot.com.br


Manifestação popular simbólica

O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular carregada de simbolismo. É um espaço plural de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos(as). Como indica a própria expressão, constitui-se numa mobilização com três sentidos:

- denunciar o modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social;

- tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome; propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os cidadãos.

O Grito se define como um conjunto de manifestações realizadas no Dia da Pátria, 7 de setembro, tentando chamar à atenção da sociedade para as condições de crescente exclusão social na sociedade brasileira. Não é um movimento nem uma campanha, mas um espaço de participação livre e popular, em que os próprios excluídos, junto com os movimentos e entidades que os defendem, trazem à luz o protesto oculto nos esconderijos da sociedade e, ao mesmo tempo, o anseio por mudanças. As atividades são as mais variadas: atos públicos, romarias, celebrações especiais, seminários e cursos de reflexão, blocos na rua, caminhadas, teatro, música, dança, feiras de economia solidária, acampamentos – e se estendem por todo o território nacional.

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