Viagem às origens: África

Brenda Mar(que)s na Casa dos Escravos, Ilha de Goree. Foto de Juliano Falo

Por Brenda Mar(que)s Pena













Depois de viver com as duas mãos abertas em ti, África, escrevo algumas palavras sobre Dakar, Senegal. Dizer sobre a experiência que passei nesses dias é tão difícil, já que os escritos da alma não se colocam no papel, mas nas marcas fortes do vivido.

A pele do teu povo África, brilha na luz do sol, assim como o branco dos olhos e dos dentes mostram, uma alegria capaz de apagar um passado de sofrimento, ainda que exista a pobreza e dificuldades para continuar cantando.

Tuas sonoridades, África, se fazem dança na vibração do corpo. Seu povo, busca com fé, respostas eternas para aquilo que o espiritual representa e não se pode entender sem um esvaziamento das referências ocidentais.

Aqui, do outro lado do Atlântico, as ondas do mar soam mais percussivas , propagando as alturas de teus povos, trazendo a história de agora e silenciando pouco a pouco a dor da escravidão.

África, foi com arte e fé que povoastes o mundo e assim, todos como filhos deste continente, temos que buscar a música que nossos antepassados deixaram nas entranhas da nossa essência.

Dakar, Senegal, África, 13 de fevereiro de 2011

Juliano Falo mostra as correntes da escravidão. Foto por: Brenda Mars


Comentários

Aline Cantia disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Aline Cantia disse…
"Tuas sonoridades, África, se fazem dança na vibração do corpo"

É como se nascessemos dos ventres dos tambores, né... E só o corpo e a voz são capazes de transmitir o que a memória carrega. Mesmo quando se ama tanto a palavra escrita, é preciso admitir que ela nem sempre dá conta de tudo...

Valeu pela sua generosidade de compartilhar sempre, Brenda
clevane disse…
Em psicologia, nos simbolismos, dizemos que, apar aa criança, o tambor representa o ventre fecundo.nesse caso, os sons da África mãe, não são mera alegoria nem metáfora pura e simplemente.
Brenda Mars experencia intnsos dias de estar na África, o que todos deveriam fazer uma dia.
Muito belo o texto da Presidente do IMEl- e quero cópia para divulgá-lo mais.
Clevane Pessoa

Na face, a emoção
de um passado mais remoto:
ritmo, choro,riso...
Clevane

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