FSM 2011: - A informação alternativa a serviço das mobilizações políticas e sociais


Texto: Terezinha
Ciranda.net

Na foto ao lado: Rita Freire, da Ciranda e Sally da Alai - Agência Latinoamericana de Informação durante debate

Foto por Brenda Marques

Por iniciativa da Ritimo, uma organização francesa voltada para a comunicação, a serviço da solidariedade internacional e do desenvolvimento sustentável, da Ciranda e do Intervozes, organizações brasileiras, realizou-se seminário reunindo mídias alternativas de vários países, durante este primeiro dia de atividades autogestionadas no FSM Dacar.

Na busca da construção “de um mundo menos desigual, que dê a palavra aos excluídos”, disse Myriam Merlant, da Ritimo, “estas organizações são essenciais para o contraponto com a grande mídia”. O objetivo do seminário, que constou de três momentos, foi a troca de experiências e a proposição de ações conjuntas, que levem à organização de um novo Fórum Mundial de Mídias Livres.

Um panorama das novas mídias nos continentes foi desenvolvido no primeiro momento, reunindo experiências diversas realizadas na África, América Latina, Ásia e Europa. Na França, onde há boas leis para a garantia da liberdade de expressão, “a realidade mostra que a liberdade de imprensa já não é tão grande assim, como diz David, do Repórter Cidadão. A classificação desse quesito, medido anualmente naquele país europeu, mostra uma queda do 31º lugar para o 44º, segundo o jornalista. “Metade dos franceses dizem hoje que as coisas não acontecem como a mídia diz, 66% acham que a grande imprensa está sob domínio dos políticos, e principalmente as classes populares acreditam cada vez menos na grande mídia”.

A concentração dos meios também é algo que vem acontecendo na França nos últimos anos, inclusive com novos decretos de Sarkozy, um dos quais determina a nomeação da direção da televisão pública pelo governo. “Nos últimos trinta anos, os pequenos veículos de mídia deixaram de existir”, conta David, e a informação vem se concentrando nos grandes meios, cujos donos são, por exemplo, dois grandes industriais que fabricam armas e aviões; outro investidor da mídia é um negociante de mineração na África. “Estamos cada vez mais dependentes dos grandes meios, mas este não é o único problema”, continua o repórter cidadão. “Antes, os movimentos sociais gostavam quando a mídia aparecia, hoje os movimentos querem a mídia longe, e as pessoas perguntam porque as coberturas são todas iguais”.

Sabemos bem como é essa história no Brasil, e as semelhanças não param por aí. “Tenta-se produzir informação da forma mais barata possível, não há mais reportagem; os jornalistas tem o mesmo perfil social, a maioria vem das classes altas, estudam nas mesmas escolas”. Além disso, segundo David, há o “mito do indivíduo”, onde se valoriza as personalidades por isso e aquilo. “O indivíduo constrói a sociedade, não é a sociedade que constrói o indivíduo, para a mídia; privilegia-se os eventos e não o contexto histórico e difunde-se um pensamento utilitarista. O leitor é consumidor, não cidadão”.

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