O homem vai parar de destruir o planeta?


"Los seres humanos nacieron para ser libres y crecer en la libertad...”


Olivier Herrera Marín,
Presidente Asociación Internacional de Poetas de la Tierra y Amigos de la Poesía
Revista de Cultura Genoma

Desenho de Clevane Pessoa, exposto em banner na mostra individual de poemas e desenhos "Graal Feminino Plural-Galeria da Árveore-MUNAP"-Parque Municipal Américo Renê Gianetti, em belo Horiozonte, Minas Gerais -Brasil, sob a forma de banner criado por Marco Llobus..Posteriormente , publicado no Jornal Aldrava de Mariana-MG-BR e no Jornal Mural Muleres Emergentes .


Já vi...
Por Clevane Pessoa*


Quando acontecem catástrofes o Brasil, desde o ano passado, vítima das chuvas fortes, que provocam deslizamentos, pontes partidas, estradas bloqueadas, enchentes nas cidades -as pesssoas se mostram solidárias, repensam o que vêm fazendo contra a Mãe Natureza, releiem normas de construção de vida e indevida, mas assim que passa o perigo, voltam a pecar contra o Planeta. O que resulta, em última instância, em pecar contra si mesmas.

Quando eu era pequena e passava pelo Rio Paraibuna, em Juiz de Fora, onde morava, via dragas trabalhando e lia nos jornais, ouvía nas rádios sobre a questão do assoreamento. Vi muitas árvores sendo arrancados.

Ainda no ano passado, em setembro, o jornais mineiros estamparam imagens sobre cidades muito quentes, onde, em vez de podarem as árvores para não encostarem nos fios de alta tensão, elas foram drasticamente cortadas. A canícula subia. Os aposentados não mais podiam ficar sentados jogando damas nas praças - muito menos as criancinhas de tenras peles...Uma das podas foi...no dia da Árvore! A Primavera começando...

Vi, pintei, escrevi a respeito das queimadas. Ao passar de carro do Maranhão a São Paulo, o que mais vi, foi terras calcinadas -às vezes poeticamente a mostrar um ipê amarelo todo florido , de pé e a desafiar, a lembrar que o belo deve ser preservado, para ser visto e admirado.

Vi pássaros piando desesperados por causa dos ninhos, no entrono de árvores serradas, numa rua onde morei: as pessoas às vezes, têm preguiça de varrer folhas. Sempre lembro meu mano Cleber Franck, que também é poeta, reclamar, pois acha o mar de folhas, um luxo, não lixo. Numa ciranda, escrevi sobre os sabiás dessa rua, a gritar ("E vieram os homens de macacão"...)

Vi a fauna de regiões específicas, tontos pela fumaça, atravessar estradas e morrer sob as rodas dos veículos...Vi mineradoras estourarem o seio da terra...tratei, no PAM de Psiquiatria , em
Belém , no antigo INAMPS, ex garimeiros afetados por mercúrio... Sei das lutas de ativistas , músicos, artistas e autores, pela Serra do Espinhaço ...

Vi bosques derrubados, lutei com poesia e prosa, pela Mata do Kramberck, em Juiz de Foa, com diversos ativistas a quem jamais vi pessoalmente -a poeta Stela Hatch , que me avisou e seus filhos arquitetos, de sobrenome Bracher (onde poetas e artistas nascem quais flores num vergel)... O médico obstetra José Carlos Arantes, político consciente, o grande sonetista e trovador Hegel Pontes, que escreveu o "SONETO VERDE", em resposta a um de meu poemas. Masé Soares, professora mineira que vive em Goiânia e criou um PPS para eu repassar, pela Internet...O otivo? Um condomínio de luxo seria construído a tradicional Mata, remanescente e sobrevivente da Mata Atlântica, teria uma parte derrubada.

Soube pelo Dr. Arantes , depois de todos os manifestos, de pessoas sérias serem ouvidos nos devidos espaços (câmaras de vereadores, assembléias), que o condomínio não mais vai ser construído. Aleluia!

Sabem aquela velha alegoria de um beija-flor que vai gota a gota, tentando apagar um incêencio e que, ouvindo zombarias e perplexidades porque era muito pouco, diz que pelo menos está fazendo sua parte...É isso: faça o que pode. O pouco de cada pessoa pode ser o muito necessário, na hora devida. E mais ainda quando se atua preventivamente...

Na cidade onde vivo - Belo Horizonte, para cada bebê que nasce, planata-se uma árvore. Conduta Municipal louvável...Numa só dia das últimas tempestades, caíram 51 árvores ...Mas sabemos que 51 criancinhas nascerão para que sejam plantadas. E que possam ser educados com consciência.O planeta agradece...

A natureza pede socorro.
E não é nada consolador saber, reclamar: algo mais tem de ser feito...

Vi os homens destruindo sua própria mãe natureza, esse organismo vivíssimo, que tem sistemas interligados, a ignorar que ela adoeceu. Antes que agonize, pode ser curada. Sem guerras que destruam , sem fogos inúteis, sem queimadas, sem barreiras de montanhas que se esvaem em terras e verdes, pedras e formatos, sem desperdício de água em nossas torneiras , sem contrabando de animais, plantas e...pessoas!

Depende de cada um que no amanhã haja deserto e desolação em algo que já foi exuberante e belo. As tragédias já começaram acontecer...O que eu ouvia, menina ainda, como possibilidade, já assusta e vitimiza...Quando o homem vai parar de destruir o planeta?!!!
Façam a sua parte de beija-flores...

Clevane Pessoa de Araújo lopes
Po(i)etisa pacifista e divulgadora cultural. Autora de vários livros, entre eles O Sono das Fadas, de literatura infantil. Organiza desde 2008 o evento Poetas pela paz e pela Poesia
Vice-presidente do Instituto Imersão Latina (IMEL), Represente do Movimento aBrace.

Perfil de Clevane por Brenda Mars,
BH na Paz, outubro de 2009

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