25 de maio é o dia Internacional da África: "Sonho Karente" mostra como até hoje o racismo está estampado no cotidiano das cidades brasileiras
Textos e fotos por Fernando Moura Peixoto
"O racismo existe no Brasil, embora a gente goste de acreditar que não. Está em toda parte e em todos os momentos.” – JOEL RUFINO DOS SANTOS (1941-2015)
Despertou curiosidade a moça que fotografei dormindo e para quem escrevi o poema apaixonado ‘Sonho Carente’. Karen Oliveira da Silva é uma carioca, nascida em 12 de setembro de 1991, negra e homossexual assumida. Baixinha, cabelinho cortado rente – ou quase raspado –, parece um menino, no trajar e andar.
É Funcionária em período de experiência em um supermercado, por ela me interessei e tento ajudar, com afeto e carinho – e também economicamente. Perdeu os pais muito cedo e mora de aluguel em Caxias, com o irmão. Não tem mais ninguém na vida. Dorme no chão; sequer possui um fogão.
Karen sonha um Brasil melhor, justo, sem discriminações de qualquer espécie, e com oportunidade de trabalho para todos.
Levei-a algumas vezes a passear no bairro de Botafogo, e fiz os registros fotográficos.
Vejam a expressão de alegria e felicidade da jovem – em alguns momentos, quase infantil.
(Para Karen)
O meu amor dorme tranquilo
Um sono altaneiro.
Não espera nenhum vacilo
De seu novo companheiro.
O meu amor guarda lembrança
De quando ainda era criança
E tinha os pais vivos.
O meu amor sonha
Um sonho de vida melhor,
Uma existência abrangente.
O meu amor está carente.
O meu amor está carente.
Poema escrito por Fernando Moura Peixoto em abril de 2016
Comentários